ALMA E ESPIRITO , JAMAIS SE SEPARAM



 

-feira, 24 de junho de 2009

ALMA E ESPÍRITO SE SEPARAM APÓS A MORTE?



Para uma melhor compreensão deste assunto, se faz necessário primeiramente conceituar corpo, alma e espírito. Temos na teologia duas interpretações sobre a natureza metafísica do homem. A primeira, denominada “tricotomia”, afirma ser o homem constituído de três elementos: corpo, alma e espírito, não necessariamente nessa ordem. A segunda, a dos “dicotomistas”, sustenta que o homem possui apenas dois elementos constituintes corpo e alma.


A tricotomia é sustentada pelo texto de Gênesis 2.7, pelo texto Paulino de Primeira Tessalonicenses 5.23: “E o próprio Deus de paz vos santifique completamente; e o vosso espírito, e alma e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo”, e também pela afirmação aos Hebreus 4.12: “Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até a divisão de alma e espírito, e de juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração”.


Existem ainda outros textos bíblicos que confirmam a tricotomia, no entanto, os acima mencionados são os mais utilizados. Já a dicotomia foi tomada por empréstimo da filosofia grega, principalmente de Platão, por meio do neoplatonismo [1].


O livro “dos começos” da Bíblia Sagrada afirma de forma consistente que Deus criou os seres humanos com três partes essenciais: “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente” (Gn 2.7). Nesta expressão bíblica podem ser identificadas genericamente as três partes que constituem o homem: “pó da terra”, o corpo; “sopro”, o espírito; e “alma vivente”, a alma.


Os escritores do Antigo Testamento utilizaram cerca de catorze vocábulos hebraicos de alguma maneira ligados ao corpo físico. A mais comum destas palavras hebraicas é “basar” que significa “carne” e ocorre 260 vezes. Porém, no Novo Testamento encontramos o termo grego “soma” que significa “corpo” usado cerca de 130 vezes e ainda “sarks” que significa “carne” e é utilizado 136 vezes. Estes termos indicam a parte material do homem, o corpo físico, identificado como sendo o invólucro do espírito e da alma. (Gn 2.21; Zc 14.12; Mt 5.29; 16.17; Ap 17.16).


O termo hebraico para “espírito” é “ruach” e é encontrado 387 vezes no Antigo Testamento. Seu equivalente grego é “pneuma” e aparece 370 vezes no Novo Testamento. O significado dos termos pode ser “ar em movimento”, “sopro”, “hálito”, “vento” e ainda “consciência imaterial do homem”. Daqui temos o conceito de que o espírito vincula o ser humano ao mundo espiritual. (Gn 2.7; Pv 16.32; Is 26.9; Mt 27.50; Lc 23.46; At 7.59).


Por sua vez o termo hebraico para “alma” é “nephesh” que ocorre 755 vezes no Antigo Testamento. Esse termo significa “vida”, “pessoa”, “vontade”, “desejo” [2]. O termo equivalente em grego no Novo Testamento é “psyche” e ocorre 101 vezes. Do pressuposto destes termos bíblicos é que conceituamos “alma” como sendo a sede dos “afetos”, das “sensações”, dos “desejos” e, portanto, das “emoções”, da “vontade” e do próprio “eu”. (Gn 23.8; Dt 21.14; Js 2.13; 1Rs 19.3; Jr 52.28; Mc 8.35; Mt 22.37).


Assim, visto que o homem é espírito, ele é capaz de ter consciência de Deus, de comunicar-se com Deus (Jó 32.8; Sl 18.28; Pv 20.27); e posto que o homem é alma, tem ele consciência de si mesmo (Sl 13.3; 42.5,6,11); e posto que o homem é corpo, mediante os seus sentidos toma consciência do mundo (Gn 1.26) [3].


Usando estes conceitos podemos sintetizar que o homem possui uma parte material (o corpo) formado do pó da terra, e uma imaterial formada do sopro de Deus, semelhante a Deus. Quando esta parte imaterial se relaciona com o corpo (sensações, emoções, vontade), chama-se “alma”; quando serve de ligação com Deus, chama-se “espírito”.


Deste modo, admitimos que alma e espírito são inseparáveis e imortais, com funções distintas no corpo. Pearlman declara: “A alma sobrevive à morte porque é energizada pelo espírito, mas alma e espírito são inseparáveis porque o espírito está entretecido na própria textura da alma. São fundidos e caldeados numa só substância” [4]. Portanto, de acordo com os pressupostos da tricotomia, alma e espírito não se separam após a morte.


Notas Bibliográficas
[1] CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol 2. São Paulo: Hagnos, 2002. p. 147.
[2] HORTON, M. Stanley. Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: CPAD, 1997. p. 246.
[3] Ibid., 1. p. 148.
[4] PEARLMAN. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia. Miami: Vida, 1978. p. 520

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